Disseram prontamente que não, que era uma coisa que não despertaria interesse algum da parte do público. Estúpidos! Eu que arduamente e ao longo de vinte e tal anos, tinha reunido 17.638 berlindes! Tinha-os de todas as cores e variados tamanhos, de todos os cantos do mundo!
Disseram que não. Preferiam mostrar ás pessoas as criações daquela pseudo-artista gorda e parva, afilhada das elites. E como eram bonitos os meus berlindes...Fiquei piúrso, , com vontade de esganar todos aqueles intelectualóides de merda (que deus me perdoe).
Regressei a casa com um tal desejo de vingança que tive de beber uma bagaceira velha de penalty, mas, com os nervos, falhei a grande penalidade e entornei por mim abaixo o tão precioso liquído.
Três dias depois, estava á porta do Centro Cultural a fazer uma espera aquelas bestas. Esperei ca tempos, mas não fora em vão.Começaram a saír e a dirigirem-se para os seus carrinhos de alta cilindrada. Segui sorrateiramente a besta-mor, aquele que tão friamente me havia dito o NÃO.
Quando parou junto ao carro, puxei da minha fisga Xpto que tinha adquirido para o efeito, estiquei-a ao máximo e, como projéctil, pus-lhe um bifa verde-jade que tinha comprado a um xamã sul-africano em 1992...e pimba!!! Mesmo nos cornos! Caíu inanimado. Recolhi rapidamente o berlinde, que tinha ido parar debaixo de um carro mais á frente. Verifiquei que não havia ninguém a presenciar, tirei o passa-montanhas da carola e afastei-me calmamente do local. Estava satisfeito com aquela refeição fria gourmet que havia servido ao meu desejo de vingança. No dia seguinte vi nos noticiários que o cabrão havia falecido e a sua morte era agora um mistério para a bófia.
Hoje
em dia sou um artista plástico de sucesso. Tirei um curso de belas
artes e vi recentemente
uma das minhas obras expostas naquele malogrado
Centro Cultural: um Audi A6 revestido com centenas de brilhantes
berlindes que usei da minha própria colecção.
A exposição foi um sucesso.
Fmi
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