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terça-feira, 5 de julho de 2016

"Auto-Esbardel: Esbardalhanço automóvel (conto)

(este pequeno conto é dedicado ao meu puxo, que é um puto...bué da fixe!)
Uma enorme pilha de carros, tudo ao molho uns por cima dos outros, com óleozinho a verter.. Retrovisores pelo chão, a alguns metros de distância, faziam já adivinhar o que encontrariamos a seguir.
 

Se fores mecânico é melhor não leres isto, pois o que irei descrever certamente não é para estomâgos leves...

Aquele asfalto estava feito num oito. Uma carrinha espalmada á beira da estrada, branquinha, tinha pintado a spray preto os seguintes dizeres:
"-Mad Max Mijou Aqui!". No chão, um xis marcava o lugar.
Garrafas de nitro vazias jaziam pelo chão e pelo ar, um bafo intenso a gasolina ofendia-nos as narinas. Nas bermas, enormes placares com o símbolo da Ferrari a arder, assombravam ainda mais o local. Uma pick-up ceguinha pedia que lhe dessem moedinhas para comprar combustível. O cadáver de uma limusina era rebocado por um veículo eléctrico não identificado. Pequenos carrinhos orientais deitavam ranho pelos faróis. Radiadores e cambotas batiam-se contra manetes de mudanças e bielas ferrugentas. Buzinas entregavam-se de mão beijada aos braços de decrépitos alternadores avariados. Facilmente poderíamos escorregar naquele chão besuntado de lubrificante barato e marrar cús cornos num Corvette dos anos 60. Havia ali muito carro, mas nenhum carro conceito (esse era um tipo de carro que passava sempre uma boa vida).
Era tempo de mudanças. Primeira, segunda, terceira, quarta e quinta, era sempre a abrir! Um capacete de piloto de Formula 1 mijava nervosamente contra um pneu sobresselente de uma velha roulotte de luxo. Repentinamente, um gato cinzento saltou de dentro de um carocha pelo buraco do tejadilho e largou um agudo miau que acabou por estalar o vidro do porta-bagagens de um Mini Morris que outrora pertencera ao Mr.Bean. Um grupo de fordes fiesta e renaultes clio,bêbados, faziam enorme estradalhaço a discutir enquanto mamavam anti-congelante estragado.
O cenário era tão automobilisticamente dantesco que tive de fugir dali para fora. Procurei refúgio, e encontrei-o numa oficina abandonada.
Fmi

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