Já era noite
Estávamos de rastos, completamente esgotados.
De repente alguém reparou:
- Foda-se, o alguidar está vazio!
Antunes referia-se ao recepiente onde tínhamos deixado o último pedaço de gosma
contra quem tínhamos estado a lutar.
-Procurem-na! - gritou com os olhos completamente esbugalhados, emanando um alto terror.
Valéria agarrou com toda a força a enxada, preparada para estraçalhar aquela nojenta beca de
criatura feita em laboratório.
Eu tinha a minha "six shooter" do tempo dos "cow-boys" e uma sacola cheia de balas. O Antunes
tinha uma fisga de caça, toda moderna, que disparava esferas de aço de 6 mm, as quais tinha também
bastantes.
Aquele bocado de gosma verde tinha ficado no mesmo compartimento que nós, resultado do "fight"
que tínhamos tido há pouco com a criatura, para que esta não conseguisse entrar. Não pensámos que
pudesse mutar, por isso atirámo-lo para dentro daquele alguidar
Ouvimos um barulho.
A puta descia pela parede, e eu, a arfar, apontei a pistola e preguei-lhe duas ameixas, mas começou a
rabinar e a aumentar de tamanho, parecia uma mama gigante, verde e viscosa e com dentes de titânio,
que foram prontamente "tratados" pela enxada de Valéria. Ainda a Gosma tava a ganir, já o Antunes
tinha enfiado cinco ou seis projécteis pelo que aparentava ser o centro de comando do bicho, por nós
vulgarmente conhecido por "cérebro".
Não serviu de nada, morremos todos.
Se tivéssemos um lança-chamas, tínhamos nos safado!
A última coisa que me lembro foi de pensar, enquanto me esvanecia pelo éter afora, que nem se o
que me tinha acabado de acontecer fora real, ou se apenas fora uma das minhas ideias para fazer uma
banda-desenhada que eu tanto queria que alcançasse um sucesso tal que me permitisse dar uns
autógrafos valentes no festival de banda-desenhada da Amadora....
Sem comentários:
Enviar um comentário