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domingo, 23 de outubro de 2022

"A Gosma "- pequeno exercício de escrita criativa


 Já era noite

 Estávamos de rastos, completamente esgotados. 

De repente alguém reparou:

 - Foda-se, o alguidar está vazio!

 Antunes referia-se ao recepiente onde tínhamos deixado o último pedaço de gosma

contra quem tínhamos estado a lutar.

-Procurem-na! - gritou com os olhos completamente esbugalhados, emanando um alto terror.

Valéria agarrou com toda a força a enxada, preparada para estraçalhar aquela nojenta beca de 

criatura feita em laboratório.

 Eu tinha a minha "six shooter" do tempo dos "cow-boys" e uma sacola cheia de balas. O Antunes 

 tinha uma fisga de caça, toda moderna, que disparava esferas de aço de 6 mm, as quais tinha também 

bastantes.

 Aquele bocado de gosma verde tinha ficado no mesmo compartimento que nós, resultado do "fight"

 que tínhamos tido há pouco com a criatura, para que esta não conseguisse entrar. Não pensámos que 

 pudesse mutar, por isso atirámo-lo para dentro daquele alguidar 

Ouvimos um barulho.

 A puta descia pela parede, e eu, a arfar, apontei a pistola e preguei-lhe duas ameixas, mas começou a 

 rabinar e a aumentar de tamanho, parecia uma mama gigante, verde e viscosa e com dentes de titânio,

 que foram prontamente "tratados" pela enxada de Valéria. Ainda a Gosma tava a ganir, já o Antunes   

 tinha enfiado cinco ou seis projécteis pelo que aparentava ser o centro de comando do bicho, por nós 

 vulgarmente conhecido por "cérebro".

 Não serviu de nada, morremos todos.

 Se tivéssemos um lança-chamas, tínhamos nos safado!

 A última coisa que me lembro foi de pensar, enquanto me esvanecia pelo éter afora, que nem se o       

que me tinha acabado de acontecer fora real, ou se apenas fora uma das minhas ideias para fazer uma   

banda-desenhada que eu tanto queria que alcançasse um sucesso tal que me permitisse dar uns 

autógrafos valentes no festival de banda-desenhada da Amadora....

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